O Monte Everest, o mais alto do mundo, tem registrado
tragédias consecutivas. Nos últimos 12 dias, 10 pessoas morreram tentando
escalar a montanha, que fica na Cordilheira do Himalaia, entre o Nepal e o
Tibete, na China. As duas vítimas mais recentes são um britânico e um irlandês,
cujos falecimentos foram confirmados no sábado, 25. As mortes levantaram
suspeitas e denúncias de uma superlotação no Monte Everest nesta temporada,
iniciada em 14 de maio - o período entre o fim de abril e o mês de maio é
considerado mais vantajoso para a escalada devido às condições meteorológicas-.
Guias locais, alpinistas e turistas acusam as autoridades do Nepal de
concederem um número recorde de permissões para escaladas nesta temporada: foram
381 permissões, ao preço de US$ 11 mil por pessoa. Como cada titular de
permissão é acompanhado por um guia, passa de 750 o número de pessoas na rota
para a escalada.
Somente na última quinta-feira (22), 123 pessoas alcançaram
o cume do Monte Everest, a 8.848 metros de altura. Uma foto publicada no
Instagram por um alpinista, Nirmal Purja, mostrou uma multidão de 320 pessoas,
em fila, tentando escalar a montanha naquele dia. Viralizando nas redes
sociais, a imagem expôs a crise.
A superlotação gera filas e
engarrafamentos de até 12 horas em áreas de risco, entre elas a chamada
"zona da morte". A exposição por longo período a condições extremas e
a um fluxo de oxigênio escasso pode levar à morte.
Rafael
Almeida, NE Notícias
28 DE
MAIO DE 2019 | ATUALIZADO EM: 28 DE MAIO DE 2019, 11:24
A superlotação das grandes cidades, congestionamentos, horas
em filas de banco tem deixado as pessoas estressadas e com problemas sérios de
saúde, mas o que você não esperava saber neste momento é que a superlotação
também tem matado pessoas. Para ser mais exato, 11 pessoas.
Em início de conversa, é melhor esclarecer que essa
superlotação não está acontecendo em qualquer lugar, mas no ponto mais alto de
todo o mundo, o Monte Everest, no Nepal. Ano após ano alpinistas desejam superar
seus limites e conquistar o objetivo de estar nas alturas e esse desejo tem
despertado a curiosidade mais e mais pessoas, incluindo as agências de turismo
que tem levado pessoas para subir a montanha, muitas vezes sem nenhuma
experiência com o alpinismo.
Esse crescimento exagerado do fluxo de pessoas na montanha
tem provocado congestionamentos e filas nos 300 metros finais da subida. No
pico, que estima-se ter o tamanho de duas mesas de pingue-pongue, estava lotada
com 15 ou 20 pessoas se empurrando para fazer uma “selfie” e registrar o
momento. Alpinistas que conseguiram chegar relatam que corpos de mortos estavam
expostos no caminho de volta.
Outro grande problema se refere ao governo nepalês que,
afeito aos dólares que arrecada com o Everest, emitiu mais permissões do que a
área é capaz de suportar com segurança, afirmam escaladores veteranos.
De acordo com guias e alpinistas experientes, boa parte das
mortes ocorridas em 2019 foram ocasionadas pelas longas filas nos últimos 300
metros da escalada, pois o engarrafamento dificulta a subida e descida
suficientemente rápidas para reabastecer o estoque de oxigênio. As outras
vítimas não tinham treinamento suficiente para estar na montanha.
Pelo menos 11
pessoas morreram nesta temporada de escaladas no monte Everest, montanha
que fica na fronteira entre o Nepal e
o Tibete. A maioria das mortes foi atribuída ao cansaço dos alpinistas —
piorado, segundo os mais experientes, devido à
superlotação no caminho de subida e descida do topo.
Neste ano, o governo nepalês
bateu um recorde histórico no número de passes concedidos para a subida: 381.
Cada titular de uma permissão é acompanhado por um guia, o que significa que
mais de 750 pessoas estão na rota para a escalada.
A montanha é a mais alta do
mundo, com 8.848 metros de altitude. O final do mês de abril e o mês de maio
são considerados os melhores para escalada.
Esta é a
temporada em que mais pessoas morreram?
Não.Em 2015, pelo menos 22 pessoas morreram depois de uma
avalanche no monte, causada pelo terremoto
que atingiu o Nepalnaquele ano. A tragédia foi ainda pior do que a do ano anterior, quando 16 guias —
todos do grupo étnico Sherpa — morreram na montanha.
As mortes de 2014 fizeram com que os guias encerrassem mais
cedo a temporada de escaladas no monte e levaram o governo nepalês a aumentar o
seguro de vida dos guias para US$ 15 mil (cerca de 1,67 milhão de rúpias
nepalesas), segundo a revista "National Geographic". Cada guia
nepalês costuma subir e descer o monte 30 vezes por temporada.
Por que o
monte está tão cheio?
Cada pessoa precisa pagar por
uma permissão para subir o Everest, que custa US$ 11 mil (cerca de R$ 44,2
mil). Entre abril e maio, o número de alpinistas aumenta, pois as condições são
menos extremas. A lotação pode estar associada a uma menor "janela"
de subida permitida pelas condições climáticas.
É certo que a
superlotação causou as mortes?
Segundo o governo nepalês,
não. O diretor-geral do departamento de turismo do Nepal, Danduraj Ghimire,
afirmou em entrevista ao "The New York Times", no domingo (26), que o
grande número de mortes neste ano não estava relacionado à superlotação, mas ao
fato de que havia menos dias de tempo bom para os escaladores chegarem ao cume
com segurança.
Uma causa para a menor "janela" de subida pode ter
sido o ciclone Fani, que atingiu Índia e
Bangladesh, diz a BBC. Depois da passagem do ciclone, o tempo
piorou no Himalaia nepalês, o que obrigou o governo a suspender atividades de
montanhismo por pelo menos dois dias.
Isso atrasou os preparativos de subida. Quando surgiu a primeira
oportunidade, poucas equipes começaram a escalada — a maior parte esperou pela
segunda "janela". Assim, a quantidade de pessoas no pé da montanha
continuou a aumentar — outro fator que contribuiu para as filas.
Quantas
pessoas já chegaram ao topo do Everest?
De acordo com a base de dados do Himalaia, 5.294, até
dezembro passado. Dessas, 1.211, a maioria delas guias da etnia Sherpa,
chegaram várias vezes, o que leva o número de escaladas até o topo a 9.159.
Os primeiros, o neozelandês Edmund Hillary e o nepalês
Sherpa Tenzing Norgay, chegaram ao topo em 1953. A primeira mulher a alcançar o
cume foi a japonesa Junko Tabei, em 1975, e desde então 548 subidas ao topo
foram feitas por mulheres.
A maior parte das expedições ao Everest dura cerca de dois
meses, de acordo com o Conselho Britânico de Alpinismo. Os escaladores começam
a chegar aos acampamentos de base no fim de março — enquanto o dia de chegada
ao topo costuma ser uma data no meio de maio, quando as temperaturas estão mais
amenas e os ventos, mais fracos.
Por volta da meia-noite, começa a subida, para que os
alpinistas estejam no topo pela manhã. O lado sul, nepalês, é o mais popular
entre os alpinistas: das chegadas até o topo, 5.888 foram feitas pelo lado do
Nepal, e as outras 3.271 pelo lado tibetano.
Entre 1924 e 2018, 295 pessoas
morreram tentando escalar o Everest.
O
que acontece com o corpo humano a tantos metros de altura?
Escaladas em altas altitudes podem
causar problemas ao corpo humano. Por isso, alpinistas devem tomar certos
cuidados. Saiba mais abaixo:
·
Doença Aguda das
Montanhas (AMS, na sigla em inglês)
O primeiro sinal é dor de cabeça —
seguida de perda de apetite, náusea, vômitos, fraqueza, tontura, fadiga e
dificuldade para dormir.
A causa, de acordo com o Instituto de
Medicina de Altitude, não é clara, mas a hipótese é de que a falta de oxigênio
no sangue faça com que os vasos sanguíneos do cérebro dilatem, o que causa a
dor de cabeça. A recomendação da Associação de Resgate do Himalaia, no Nepal, é
de descer a altitudes mais baixas imediatamente se a dor de cabeça não passar
com aspirina.
·
Edema cerebral ou edema
pulmonar de alta altitude
Se evoluir, a AMS pode se tornar um
edema cerebral de alta altitude. O pequeno inchaço cerebral da AMS progride
para dor de cabeça intensa, confusão, letargia, falta de coordenação,
irritabilidade, vômitos, convulsões, coma e morte, se não for tratado. A
primeira providência é descer imediatamente para altitudes mais baixas.
Já o edema pulmonar de alta altitude
é um acúmulo de líquido nos pulmões que atrapalha a troca de oxigênio e pode
matar. Os primeiros sintomas são a falta de ar com exercício, e, à medida que
mais fluido se acumula nos pulmões, progridem para falta de ar severa mesmo em
repouso, tosse persistente, aperto no peito, fraqueza severa e, finalmente,
coma e morte.
·
Congelamento
É mais comum nos dedos das mãos, pés,
nariz, orelhas, bochechas e queixo. Conforme progride, afeta todas as camadas
da pele, incluindo os tecidos que se encontram abaixo. A pele fica branca ou
azulada e a pessoa perde toda a sensação de frio, dor ou desconforto na área
afetada. Articulações ou músculos podem não funcionar mais. Se evoluir para
gangrena, o tecido morre devido à perda de circulação na área afetada, o que
pode resultar em amputação.
·
Ceratite ultravioleta
Espécie de queimadura solar que afeta
os olhos em vez da pele. Ocorre quando raios ultravioleta são refletidos por
neve e gelo. A exposição a eles pode danificar temporariamente a córnea,
causando cegueira passageira.
Fonte: Globo.com.br
Comentário:
Uma catástrofe. Esse lugar não pode ter uma quantidade de pessoas assim.
Ninguém poderia pensar que o Everest iria suportar essa super-lotação, esse ano já ultrapassou a porcentagem de mortalidade, e isso significa um grande impacto para visitação do local.
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