Abelha africanizada
A abelha
africanizada ou abelha
do mel africanizado, também conhecida coloquialmente como "abelha
assassina", é uma híbrida de espécies ocidentais de abelha (Apis mellifera) com abelhas
africanas (A. m. Scutellata). São produzidas originalmente por
cruzamento da abelha africana, com abelhas europeias, como a abelha italiana (A.
m. Ligustica) e a abelha ibérica (A. m. Iberiensis).
A abelha
africanizada foi criada e introduzida pela primeira vez no Brasil na década de
1950, em um esforço para aumentar a produção de mel, mas em 1957, 26 enxames
escaparam acidentalmente da quarentena. Desde então, a nova espécie híbrida se
espalhou por toda a América do Sul e chegou à América do Norte em 1985. Várias
colmeias da espécie foram encontradas no sul do estado americano do Texas em
1990.[1]
As abelhas
africanizadas geralmente são muito mais defensivas que as outras espécies de
abelha e reagem a pertubações muito mais rapidamente do que as abelhas
ocidentais. Elas podem perseguir uma pessoa a mais de 400 metros, e já mataram
cerca de 1000 pessoas, as vitimas geralmente recebem dez vezes mais picadas que
nos ataques de abelhas europeias.[2] Elas também já foram
responsáveis por matarem cavalos e outros animais.
História
Existem 28 subespécies reconhecidas de Apis mellifera
com variações em grande parte por bases geográficas. Todas as subespécies são
férteis. O isolamento geográfico levou a inúmeras adaptações locais, essas
adaptações incluem ciclos de ninhada sincronizados com o período de floração da
flora local, formação de aglomerados de inverno em climas mais frios, migração
do enxame (na África), comportamento diferenciado em áreas desérticas e
inúmeros outros traços hereditários.
As abelhas africanizadas do hemisfério ocidental são
descendentes de colmeias operadas pelo biólogo e geneticista brasileiro Warwick
Estevam Kerr, que tinha intercorrido a abelhas da Europa e da África Austral.
Kerr estava tentando criar uma cepa de abelhas que produziria mais mel e que
melhor se adaptava às condições tropicais (ou seja, mais produtiva) do que a
cepa europeia de abelha, atualmente em uso em toda a América do Norte, Central
e do Sul. As colmeias que continham a subespécie africana em particular,
estavam alojadas em quarentena num apiário perto da cidade de Rio Claro no
estado de São Paulo, região sudeste do Brasil e possuíam um alto nível de
segurança. Essas colmeias haviam sido equipadas com telas de proteção
especiais, para evitar que abelhas e zangões maiores saíssem e acasalassem com
a população local de abelhas europeias. De acordo com Kerr, em outubro de 1957,
um apicultor visitante que não tinha sido informado, notou que as telas de
proteção especiais estavam interferindo nos movimentos das abelhas, e então ele
as removeu, o que acabou resultando na liberação acidental de 26 enxames de abelha
africana. Após essa liberação acidental, os enxames africanos se espalharam e
cruzaram com as colônias europeias locais, e seus descendentes (híbridos das
abelhas europeias e africanas), se espalharam pela América. Como seu movimento
através da América do Sul e Central foi rápido e em grande parte não observado
pelos humanos, as abelhas africanizadas ganharam a reputação de ser uma espécie
biologicamente invasiva e a mais bem sucedida de todos os tempos.
As primeiras abelhas africanizadas nos Estados Unidos foram
descobertas em 1985 em um campo de petróleo, no Vale de San Joaquin na Califórnia.
Os especialistas em abelhas teorizaram que as colônias chegaram escondidas em
uma carga de tubos de perfuração de petróleo, enviada da América do Sul.[4]
As primeiras colônias permanentes chegaram ao Texas, do México, em 1990. Na região
de Tucson, no Arizona, um estudo de enxames em 1994 descobriu que apenas 15%
das abelhas haviam sido africanizadas, este número cresceu para 90% em 1997.[5]
Embora as abelhas africanizadas exibam certos traços
comportamentais que as tornam menos desejáveis para a apicultura comercial,
elas se tornaram o tipo dominante de abelhas para a apicultura na América
Central e do Sul, devido ao seu domínio genético, bem como sua capacidade de
superar a sua contraparte européia. Alguns apicultores afirmam que elas são
produtoras de mel e polinizadores superiores
As principais diferenças entre os
tipos africanizados e outros tipos de abelhas ocidentais são:
- Tendem a criar enxames com mais frequência e vão
mais longe do que outros tipos de abelha.
- É mais provável que migrem como parte de uma
resposta sazonal para não reduzirem o suprimento de alimento.
- É mais provável que "fechem" toda a
colônia e deixem a colmeia em resposta ao estresse.
- Possuem maior defensividade quando a colonia está
em repouso que com outros tipos de abelha.
- Vive mais frequentemente em cavidades terrestres
que os tipos europeus de abelha.
- Guardam e protegem a colmeia de forma mais
agressiva, com uma zona de alarme maior que outras abelhas.
- Possuem uma maior proporção de abelhas
"guarda" dentro da colmeia.
- Desdobram em maior número de defesa e buscam
ameaças em distâncias muito mais longas da colmeia que outros tipos de
abelha.
- Não podem sobreviver a períodos prolongados sem
uma forragem, impedindo a sua introdução em áreas com invernos severos ou
verões finais extremamente secos.
Manejo
Atualmente
muitos apicultores preferem as abelhas africanas por serem consideradas mais
resistentes às pragas, pois sua morfologia dificultaria a fixação da praga da varroa por exemplo. Alguns estudos apontam
para a resistência das africanas a certas doenças mas não são conclusivos, e
não está comprovado que esta resistência justifique a agressividade do plantel.
Em termos de produção de mel industrial, a abelha africana produz bem menos mel
do que a abelha europeia. A abelha africanizada híbrida tem as características
das duas.
As
africanizadas são indicadas para a produção de mel e própolis, por serem mais
propolizadoras: o que antes era visto como desvantagem passou a interessar,
pelo aumento do mercado da própolis. Porém, as melhores produtoras de própolis
ainda são as abelhas caucasianas, que têm melhor desempenho na coleta de
matéria prima de muito melhor qualidade.
A abelha
africana ou africanizada em si não impede os trabalhos apícolas, mas os coloca
em um patamar de manejo mais difícil e proibitivo para o pequeno investidor ou
para aquele que não dispõe de mão de obra especializada. A apicultura com
africanas, dada a agressividade dessas abelhas, não pode subsistir como
atividade não profissional, pois os riscos e dificuldades de manejo são
incompatíveis com a apicultura de lazer.
Alguns
argumentam que todas as espécies de abelhas - africanas, africanizadas ou
europeias - são igualmente afetadas pelas mesmas enfermidades, e que, quando os
estudos e observações de pesquisadores afirmam resistência das africanas o
fazem porque, em geral, observam apenas a existência (ou não) de atividade nas
colmeias, pois não é possível fazer uma inspeção minuciosa em todo o apiário.
Quando o apicultor de europeias relata um caso de alguma doença nas abelhas, é
porque ele pode vistoriar minuciosamente a totalidade de suas colônias e
antecipar os tratamentos. Alguns apicultores mantêm suas abelhas
"europeizadas", já que a relação custo-beneficio é compensadora,
principalmente pela mansidão das mesmas.[6]
Outros,
consideram que a abelha africanizada se adapta melhor ao ambiente tropical do
que a europeia, além de ser relativamente resistente a pragas e doenças.[7]
Atualmente, qualquer rainha europeia importada, já fecundada por zangões
europeus, virá a ser substituída por uma de suas filhas, que, em 90% dos casos,
será fecundada por zangões africanizados.
Alarmismo
Nos anos
1970 houve um alarmismo diante da proliferação das abelhas africanizadas. As
africanizadas ficaram conhecidas como "abelhas assassinas" e
protagonizaram filmes sensacionalistas de Hollywood. Até hoje o termo killer-bee
é usado neste sentido.
O alarmismo
tem sua razão de ser, pela agressividade apresentada pelas abelhas-africanas
puras, e mesmo os seus cruzamentos, hoje rotulados de africanizados, também
apresentam certo grau de agressividade, o que reduz drasticamente as
capacidades humanas nas tarefas de manejo, exigindo mão de obra especializada e
equipamento de segurança individual. Todo apiário composto por raças de abelhas
africanas ou africanizadas deve ter suas instalações sinalizadas e afastadas de
qualquer residência, bem como de transeuntes, estradas ou alojamentos de
animais.
Referências:
«Killer Bees».
Smithsonian. Smithsonian. Consultado em 3 de setembro de 2016.
«Archived copy». Consultado em 17 de maio de 2016.. Cópia
arquivada em 10 de junho de 2016 «Archived copy». Consultado em 17 de maio de 2016.. Cópia
arquivada em 8 de novembro de 2016
LePage, Andrew (10 de maio de 1989). «San Diego Officials Setting Traps for Expected
Arrival of 'Killer Bees'». Los
Angeles Times
Sanford, Malcolm T. (2006). «The
Africanized Honey Bee in the Americas: A Biological Revolution with Human
Cultural Implications». American Bee Journal
Suspected African Honeybee Colonies
in Florida Tested for Identifying DNA Markers, por H. Glenn Hall. The
Florida Entomologist, vol. 75, n° 2, junho de 1992, pp. 257-266. Florida
Entomological Society.
Embrapa Meio-Norte Sistema
de Produção, 3 ISSN 1678-8818 Versão Eletrônica Jul/2003
Ligações externas
Abelhas
Africanizadas - UFV
Embrapa
Meio-Norte Sistema de Produção, 3 ISSN 1678-8818 Versão Eletrônica Jul/2003
Criadero
Apícola Los Alamos (página em espanhol)
Fonte:
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Comentário:
Eu concordo que essa espécie de abelha é difato um da mais
perigosas do mundo, eu ouvi dizer que há uma espécie de abelha africana que é
praticamente 99% mais feroz que os leão da África. Quem diria que no caso da
africanizada, ela seria uma espécie híbrida. Para usa-las para espantar pragas é uma tática bastante letal, difícil, e
perigosa “em massa crítica”. Mesmo hoje em dia é bastante difícil de encontrar
espécies híbridas. Os ataques dessas abelhas de lá da África nunca param de
acontecer até hoje.
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