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Cantábria
Cantábria é uma comunidade autónoma monoprovincial localizada no norte de Espanha. É limitada a leste pelo País Basco, a sul por Castela e Leão, a oeste pelo Principado das Astúrias e a norte pelo Golfo da Biscaia (também chamado de Mar Cantábrico). A cidade de Santander é a capital e cidade mais povoada. Definida no seu Estatuto de Autonomia como uma «comunidade histórica», tem os seus antecedentes no Ducado da Cantábria, nas Astúrias de Santilhana, Irmandade das Quatro Vilas e na Província dos Nove Vales. A primeira referência a este território dá-se em 195 a.C., quando Catão, o Velho designa o «país dos cântabros» como local de nascimento do rio Ebro.

[...] o rio Ebro: nasce em terra de cântabros, grande e formoso,
abundante em peixes.
—Catão, o Velho, Origens
(VII), 195 a.C.
Situa-se na Cornija Cantábrica, o nome dado à faixa de terra entre o Mar Cantábrico e a Cordilheira Cantábrica no norte da Península Ibérica. Possui um clima oceânico úmido e de temperaturas moderadas, altamente influenciado pelos ventos do Oceano Atlântico que encontram as montanhas. A precipitação média é de 1.200 mm, o que permite o crescimento de frondosa vegetação. O seu ponto mais elevado é o Pico de Torre Branca, de 2619 metros.
Cantábria é uma região rica em lugares de interesse arqueológico do Paleolítico Superior. Os primeiros sinais de ocupação humana datam do Paleolítico Inferior, ainda que este período não esteja tão bem representado na região. Destacam-se neste aspecto as pinturas da caverna de Altamira, datada entre 16.000 e 9.000 A.C. e declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
A província moderna da Cantábria constituiu-se em 28 de julho de 1778 em Ponte São Miguel. A comunidade compõe-se de 102 municípios, sendo um deles, o Vale de Vilaverde, um exclave na Biscaia. A Lei Orgânica do Estatuto de Autonomia da Cantábria foi aprovada em 30 de dezembro de 1981, dotando deste modo à Comunidade Autônoma de organismos e instituções de autogoverno. Possui uma assembleia legislativa, o Parlamento da Cantábria.
Etimologia
Diversos autores que estudam a
origem etimológica do nome da Cantábria ainda não chegaram a um consenso
seguro de sua procedência. A opinião mais aceita pelos estudiosos é que ela
deriva da raiz cant-, de origem celta ou lígure antiga,
que significa ‘rocha’ ou ‘pedra’, e do sufixo -abr, frequente nas
regiões celtas. De tudo isto, se deduz que "cántabro" viria a
significar "povo que habita nas montanhas", em clara referência ao
território abrupto e montanhoso da Cantábria.
Geografia - Relevo
A Cantábria encontra-se no setor central da
costa cantábrica. Limita a norte com o Mar Cantábrico, a oeste com as Astúrias,
a leste com o País Basco
e a sul com Castela e Leão. Existe um exclave cântabro na província
basca da Biscaia, Vale de Vilaverde, e três enclaves palentinos
na Cantábria – Cezura, Lastrilha e Berçosilha, a sul.

Possui uma superfície de 5.321
km² e uma costa com uma longitude total de 165,7 quilómetros.
Penha Remonha, nos Picos da Europa.
A comunidade possui três
âmbitos geográficos bem diferenciados: a Marinha, a Montanha e Campó
e vales do sul, pertencentes às bacias dos rios Ebro e Douro. A presença
predominante da montanha explica o uso popularizado de sinédoque, sendo
esse o termo usado para fazer referência a toda a região cântabra. 50% do seu
território situa-se acima da cota dos 600 metros e 75% a mais de 200 metros. Um
terço da região apresenta pendentes de mais de 30%.
A região assenta no setor
central da Cordilheira Cantábrica. A leste encontra-se o importante
maciço ocidental dos Picos da Europa, que se eleva a mais de 2000
metros, cerrada a norte pela serra de Penha Sagra. Os Picos da Europa
são uma unidade com personalidade própria, já que se trata de um maciço de
calcários massivos, fraturado e elevado. É o ponto de encontro entre o mundo
mediterrânico e o atlântico; entre as altas montanhas do leste e as baixas do
oeste. Os seus pontos mais altos são Torre Branca (2615 m), Penha Velha (2613
m), Penha Preta (2536 m), Penha Remonha (2240 m), Tres Mares (2222 m) e a Penha
Labra (2018 m).
A região possui dois elementos
organizadores do relevo: a montanha e a costa. A costa é formada por uma
estreita faixa costeira de vales baixos, amplos e de formas suaves de cerca de
10 km de largura cuja altitude não costuma superar os 500 msnm e
que limita com o mar por meio de uma linha de litoral raso até chegar às
primeiras ladeiras das montanhas. A sua génese é a de uma antiga costa marinha,
fustigada pelas ondas que atualmente emerge a vários metros do nível do mar,
chegando a superar os 100 metros nalguns pontos.
Nas montanhas, para além dos Picos
da Europa, encontram-se várias serras, continuação das serras pré-litorais
asturianas. São elas a Serra do Escudo de Cabuérniga, os Montes de
Ucieda, Alto do Gueto, Serra da Matança e a Serra de
Brenhas. São cadeias montanhosas de 600 a 1000 metros de altitude que
separam o litoral das terras do interior. Estas organizam-se numa sucessão de
vales orientados de sul a norte que estruturam a rede hidrográfica cântabra.
São os vales de Lamasón, Cabuérniga, Buelna, Toranço,
Carriedo, Caião, Ruesga e Guriezo.
A continuação dos Picos da
Europa resolve-se numa série de serras que formam uma divisória de águas
entre o Cantábrico, o Douro e o Ebro: serras de Hijar,
Bárcena Maior, Escudo, Madalena e Hornijo. Entre
estas encontram-se uma série de vales: Baró, Cereceda, Valdeprado
(os três formam a comarca da Liébana), Luena, Pas
e Soba.
Por último, a sul localiza-se
o vale do Ebro, cerrado pelas montanhas palentinas.
Clima
Devido à corrente do Golfo
Cantábrico, a região tem temperaturas muito mais suaves que as que lhe
corresponderia por sua latitude, similar à da Nova Escócia na América do Norte.
A região está afetada por um clima oceânico úmido, com verões calorosos
e invernos não muito frios. As precipitações se situam em torno de
1.200 mm anuais na costa, aumentando os valores nas zonas montanhosas até
1.600 mm, o que a situa na denominada Espanha húmida (ou Espanha verde).
A temperatura média se situa
ao redor dos 14 °C. A neve é freqüente nas partes altas da Cantábria entre
os meses de outubro e março. Os meses mais secos são julho e agosto.
Hidrografía
Nascimento do rio Asón.
Os rios cantabros são rios
curtos, rápidos e pouco caudalosos, salvando umas consideráveis pendentes do mar
próximo a seu nascimento na Cordilheira Cantábrica. Seus recorridos costumam
ser perpendiculares à costa, se exceptuarmos o rio Ebro, e possuem uma
caudal mais ou menos persistente ao largo de todo o ano motivado pela
precipitações. Ainda assim, este é escasso (20 m³/s anualmente) em comparação
com outros rios da Península Ibérica.
A rapidez de suas águas,
motivado pelas consideráveis pendientes dos recorridos, fazem que tenham um
grande poder erosivo, formando os vales em forma de V característicos da
Cornisa Cantábrica.
No geral possuem um estado de
conservação aceitável, ainda que a atividade humana, cada vez mais abundante
neles pelo aumento constante da população nos vales, exerce uma forte pressão.
A Cantábria é a única comunidade
autônoma cujos rios desembocam em cada um dos três mares que rodeam a Península
Ibérica.
Os principais rios que dividem
a região são:
Confederação Hidrográfica do
Norte (Cuenca Norte) - (desembocam no Mar Cantábrico)
- Rio Agüera
- Río Asón
- Rio Besaya
- Rio Deva
- Rio Miera
- Rio Nansa
- Rio Pas
- Rio Saja
Confederação Hidrográfica do
Ebro (Cuenca do Ebro) - desembocam no Mar Mediterrâneo
- Rio Híjar
- Rio Ebro
Confederação Hidrográfica do
Duero (Cuenca do Duero) - (desembocam no Oceano Atlântico)
- Rio Camesa
Vegetação
Prado em Valdáliga.
As diversas altitudes da
comunidade, que vão em pouca distância do nível do mar aos 2.600 msnm da
Montanha, faz que a diversidade vegetal seja grande e exista um amplo número de
biótopos.
Cantábria possui uma vegetação
eurosiberiana, dentro da província Atlântica. Caracteriza-se por ter bosques de
espécies frondosas e caducifóleas. A ação humana desde tempos remotos tem
favorecido a criação de pastos. Os prados de pastos se intercalam com
plantações de eucaliptos (Eucalyptus globulus) e pequenas massas
de bosques.
A parte meridional de
Cantábria caracteriza-se por ter uma paisagem de transição desde uma vegetação
seca, convivendo variedades biclimáticas clima atlântico e mediterrâneo. Sua
diversidade vegetal está propiciada por localizar-se no límite do domínio
biogeográfico mediterrâneo, o que faz que existam espécies próprias deste
bioclima, como são as a azinheira ou o arbutus, localizados em
solos calcários pouco desenvolvidos e de escassa umidade.
Paisagem da Marina
Na Cantábria pode-se diferenciar
vários níveis florísticos:
- A franja litoral
- A Marina
- Os níveis médios da Montanha
- Piso subalpino
Demografia
A comunidade possui uma
população de 572 503 habitantes segundo o censo de 2007
(representa 1,27% da população da Espanha). Os municípios mais
importantes desta Comunidade Autônoma (dados de 2006 do Instituto Nacional
de Estatística) são os seguintes:
- Camargo (Camargu) (30 024 habitantes)
- Castro-Urdiales (Castru) (28 542)
- Piélagos (Piélagus) (16 578)
- El Astillero (Astilleru) (16 032)
- Laredo (Laredu) (13 090)
- Santoña (11 534)
- Los Corrales de Buelna (11 091)
- Reinosa (Rinosa) (10 370)
- Santa Cruz de Bezana (Bezana) (10 314)
Fonte:
Urrutia, Javi. «Mendikat :: Torre Blanca (2.619 m)».
www.mendikat.net (em espanhol). Consultado em 29 de agosto de 2017
«Las pinturas paleolíticas
cántabras son ?las más antiguas de la historia de la humanidad?».
www.eldiariomontanes.es (em espanhol). El Diario Montañés. Consultado em 26 de
maio de 2017
«Sinopsis del estatuto de Autonomía de Cantabria». www.congreso.es (em espanhol). Consultado em 29 de agosto de 2017
Comisión Europea (1999). «Cantabria
en la Comunidad Económica Europea.» (em espanhol). Consultado em 12 de
abril de 2007
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