Educação
Educação indígena
A educação indígena é a educação voltada para os povos indígenas,
respeitando suas especificidades culturais e procurando preservar suas culturas
tradicionais. A educação indígena tem se tornado relevante nos vários
países que foram colonizados e onde ainda existem os habitantes originais do
mesmo. Esforços têm sido tomados de maneira a preservar a cultura destes
indivíduos, mas também permitindo sua integração à sociedade moderna.
Escola indígena Santa Fé, em Santa Fé,
nos Estados Unidos
No Brasil
Índice
- 1 No Brasil
- 1.1 Professores
Indígenas para as Escolas Indígenas
- 1.2 Dados a
respeito da Educação Escolar Indígena no país
- 1.3 Língua materna
e Alfabetização
- 1.4 Legislação
- 1.5 Antecedentes
- 1.6 Política brasileira de educação escolar indígena
- 1.7 Problemas
enfrentados pelas instituições escolares indígenas do Brasil
- 1.8 Programa de
Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indígenas
- 2 Referências
- 3 Bibliografia
Nesse contexto, um registro deve ser feito: a educação escolar indígena virou uma pauta política relevante dos índios, do movimento indígena e de apoio aos índios. Deixou de ser uma temática secundária, ganhou importância na medida em que mobiliza diferentes instituições e recursos.
O direito a uma educação diferenciada, garantido na Constituição de 1988, vem sendo regulamentado por meio da legislação. Além da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, e da Resolução 3/99 do Conselho Nacional de Educação, a educação indígena está contemplada no Plano Nacional de Educação e no projeto de lei de revisão do Estatuto do Índio, ambos em tramitação no Congresso Nacional.
A formação da consciência da cidadania, a capacidade de reformulação de estratégias de resistência, a promoção de suas culturas e a apropriação das estruturas da sociedade não-indígenas, pela aquisição de novos conhecimentos úteis para melhoria de suas condições de vida, estão em pauta nas propostas relativas à educação escolar indígena. Abandonam-se os pressupostos educacionais que, desde a colônia, tinham características integracionistas visando a homogeneização da sociedade brasileira pela aculturação e assimilação.
Atendendo às demandas e às experiências inovadoras desenvolvidas por organizações indígenas, a educação escolar indígena passa a ser reconhecida pela constituição de 1988 e pela legislação relativa à educação como comunitária, intercultural, bilíngue, específica e diferenciada.

Professores Indígenas para as Escolas Indígenas
A educação diferenciada possibilita que o ensino
trabalhado em cada escola preserve os universos sócio-culturais específicos de
cada etnia. Daí ela ser bilíngue, preferencialmente ministrada por professores
indígenas em escolas indígenas nas aldeias com programas curriculares definidos
pelas próprias comunidades.Para qualificação profissional existem os cursos de
ensino médio que habilitam para o magistério indígena no Ensino Fundamental
séries iniciais . Além deles, os cursos de ensino superior em Licenciaturas
Indígenas têm formado docentes para atuarem no ensino fundamental e no ensino
médio. Atualmente, professores de aproximadamente 90 etnias cursam a
Licenciatura Específica para Indígenas em Universidades Federais e Estaduais
das mais diferentes regiões do país. Por outro lado, algumas Universidades já
vêm reservando vagas aos indígenas em diversos cursos como medicina, enfermagem
etc. A Universidade Federal de São Carlos criou uma vaga em cada um de seus
cursos (37) para as etnias indígenas, com processo seletivo exclusivo, o que
deverá ocorrer já em 2008.Como os professores têm de atender a um currículo muito diferenciado, sua formação é especial e está relacionada a projetos conduzidos por universidades, organizações não-governamentais ou secretarias estaduais, que organizam a formação dos professores num currículo quase sempre aberto ou em construção. Atualmente, já temos educadores indígenas formando novos professores indígenas.
Dados a respeito da Educação Escolar Indígena no país
Os dados do Censo Escolar INEP/MEC 2006 apontam a
existência de 2.422 escolas funcionando nas terras indígenas atendendo a mais
de 174 mil estudantes. Nestas escolas trabalham aproximadamente 10.200
professores, 90% deles indígenas. 1.113 escolas estão vinculadas diretamente às
Secretarias Estaduais de Educação. Outras 1.286 escolas, principalmente nos
estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Pará, Paraná, Bahia,
Paraíba e Espírito Santo, são mantidas por Secretarias de Educação de 179
Municípios. Existem ainda algumas escolas indígenas mantidas por projetos
especiais, como da Eletronorte, e por entidades religiosas. Estas escolas são
declaradas no Censo Escolar como “escolas particulares”.
Língua materna e Alfabetização
o uso da língua materna é indispensável para a
aprendizagem inicial e alfabetização,devendo ser prolongado ao máximo dentro do
processo educativo.A formação de professores e uso da língua materna, o documento diz: “Todo planejamento educacional deve incluir, em cada etapa, a capacitação de uma quantidade suficiente de professores, falantes nativos da língua materna, e que virão a ser competentes e qualificados para ensinar nesta língua.” A alfabetização só é viável caso exista uma quantidade suficiente de materiais disponíveis que atenderá aos adultos,adolescentes e crianças em idade escolar.Esses materiais devem conter assuntos de instrução e lazer. A escola indígena deve levar o aluno a valorizar e conservar sua própria cultura e a manter o uso da língua materna em três modalidades,oral,escrita,e literária, enquanto a língua portuguesa está sendo aprendida e desenvolvida. O objetivo é que o aluno desenvolva sua capacidade para o biletramento funcional com a fluência oral e escrita nas duas línguas, em todas as áreas da aprendizagem, assim colocando a língua materna em pé de igualdade com a língua oficial.
Legislação
A educação indígena é um direito assegurado aos povos
indígenas do Brasil pela Constituição Brasileira de 1988. O caput do
artigo 210 estabelece que:
“
|
Serão fixados conteúdos mínimos para o
ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito
aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
|
”
|
“
|
O ensino fundamental regular será ministrado
em língua portuguesa, assegurada, às comunidades indígenas, também a
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.
|
”
|
Antecedentes
Escola indígena baníua no rio Içana, na Amazônia
É responsabilidade da União, através da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), assegurar, aos povos indígenas, o exercício desses direitos.
Apesar disso, durante séculos, os povos indígenas foram culturalmente massacrados e marginalizados pela maioria "branca". Assim, esses povos vêm perdendo sua identidade, sua cultura, sua história - quando não são exterminados fisicamente pelo "homem branco".
Historicamente, a educação indígena esteve ligada à catequese dos índios, apaziguando-os, tornando-os dóceis e submissos às necessidades do colonizador. Ensinava-se a língua portuguesa, desconsideravam-se os mitos, as crenças, os hábitos indígenas, e as aulas eram ministrados por professores brancos.
Algumas tribos passaram a viver mais como brancos do que como os índios, maravilhados pelas novidades e comodidades da vida fora da aldeia.
Outros foram incansáveis e defenderam seu modo de vida, usando o processo de educação dos jovens, exatamente para manter a cultura de seu povo.
Devido à realidade de exploração que a maioria das tribos vivia, os próprios povos sentiram a necessidade de aprender a escrita de sua língua moderna.
Política brasileira de educação escolar indígena
Atualmente, a escola indígena, para a maior parte dos
povos que mantêm contato com a civilização, tem como objetivo manter os
costumes desses povos e ensinar a sua língua junto com outras matérias. O
currículo é diferenciado não apenas porque inclui o ensino da língua materna,
mas porque deve incluir disciplinas que respondam a demandas, necessidades e
interesses da própria comunidade.A diversidade linguística está diretamente ligada à questão da educação. No Brasil, são faladas cerca de 180 línguas em aproximadamente 200 sociedades indígenas diferentes. "Cada um desses povos é único, tem uma identidade própria, fundada na própria língua, no território habitado e explorado, nas crenças, costumes, história, organização social."
Com base no princípio de que as minorias étnicas do país devem ser contempladas por uma política pública apropriada, foram elaboradas as Diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena. Segundo essas diretrizes, a definição do currículo de uma escola requer "o conhecimento da prática cultural do grupo a que a escola se destina (...) Para uma ação educacional efetiva, requer-se, não apenas uma intensa experiência em desenvolvimento curricular, mas também métodos de investigação e pesquisa para compreender as práticas culturais do grupo. Assim, para a definição e desenvolvimento do currículo da escola de uma determinada comunidade indígena é necessária a formação de uma equipe multidisciplinar, constituída por antropólogos, linguistas e educadores, entre outros, de maneira a garantir que o processo de ensino-aprendizagem se insira num contexto mais amplo do que um processo paralelo e dissociado de outras instâncias de apreensão e compreensão da realidade."
Problemas enfrentados pelas instituições escolares indígenas
do Brasil
Professores reunidos na III Assembléia Geral do Conselho
dos Professores Indígenas da Amazônia, ocorrida em Manaus, em 2003, fizeram um
diagnóstico da situação das escolas indígenas e destacaram, entre os principais
problemas enfrentados:- Não reconhecimento das escolas
indígenas;
- Falta de infraestrutura adequada; legal
- Discriminação e preconceito;
- Não implementação da legislação da
Educação Escolar Indígena, em especial da Resolução 03/99;
- Ausência de representação indígena nos
Conselhos de Educação;
- Falta de uma política pública para
atender à necessidade do Ensino Superior voltado aos interesses dos
povos indígenas buscando o compromisso das universidades públicas;
- Falta de atendimento ao Ensino
Fundamental da 5ª à 8ª série;
- Falta de concursos públicos
diferenciados para resolver a situação dos contratos temporários de
trabalho.
Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas
Interculturais Indígenas
Em 2005, o Ministério da Educação criou o Programa de
Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indígenas (Prolind),
voltado aos docentes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. No início de 2011, mais de 1,5
mil professores indígenas estavam em formação em 23 licenciaturas oferecidas
por 20 instituições de ensino superior.
Fonte:
- Os índios na
Constituição Federal de 1988.
- Conforme o caput
do artigo 231 da Constituição Brasileira de 1988, apud Sérgio
Leitão. In "Os direitos constitucionais dos povos
indígenas".
- Diretrizes
para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena. MEC/
SEF, 1994. Cap. 4 - Normas e Diretrizes, p.18.
- Diretrizes... Cap. 3 -
Princípios Gerais, p. 10.
- Diretrizes..., p.13
- Educação
indígena em destaque: Professores indígenas já são a maioria nas aldeias.
Agora, a luta é por uma melhor capacitação Nova Escola. Edição 239,
janeiro-fevereiro de 2011.
Fonte:
- Leitura e Escrita em Escolas Indígenas. Editora Mercado Letras, ano 1997.
Wilmar D'Angelis, Juracilda Veiga.
- Mônaco Viver Repartindo. Editora IECLB. Cartilha para a semana
dos povos indígenas. 2002.
- O Tempo passa o tempo volta. Editora IECLB. Cartilha para a semana dos povos indígenas. 2001.
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