CIÊNCIA
Albert Einstein
A PASSAGEM DO FÍSICO ALEMÃO ALBERT EINSTEIN
PELO BRASIL
De 4 a 12 de maio
de 1925, o quarto de número 400 do tradicional Hotel Glória, na cidade do Rio
de Janeiro, abrigou uma das maiores personalidades deste século.
Em visita ao
Brasil, o físico alemao Albert Einstein (1879-1955), idealizador da teoria da
relatividade, fez palestras, visitou o Museu Nacional, o Instituto Oswaldo
Cruz, o Observatório Nacional, falou na Rádio Sociedade e percorreu pontos
turísticos da cidade. A passagem de Einstein pelo Brasil suscitou na imprensa
da época um acalorado debate entre positivistas, contrários a idéias do físico
alemao, e seus defensores e críticos dessa corrente filosófica. Cerca de 70
anos depois, um importante documento, datado de 7 de maio daquele ano e
assinado, foi encontrado no Rio de Janeiro.Escrito para uma comunicaçao a
Academia Brasileira de Ciencias (ABC), o manuscrito traz as idéias de Einstein
sobre a natureza corpuscular da luz. A traduçao original da comunicaçao de
Einstein a ABC foi publicada no primeiro número da Revista da Academia
Brasileira de Ciencias, em 1926, mas o conteúdo dessa comunicaçao e a
existencia do manuscrito nao sao conhecidos internacionalmente.
A viagem à América
do Sul
A vinda de Einstein
à América do Sul fez parte de uma série de viagens que ele realizou, na década
de 20, a vários lugares, como Japão, Palestina e Estados Unidos. Esse período
seguiu-se à súbita fama que o físico alemão adquiriu, deflagrada pelo anúncio, em
1919, dos resultados da expedição científica a Sobral, no Ceará, que
confirmaram as previsões de Einstein sobre a deflexão da luz das estrelas ao
passar nas proximidades do Sol (ver ‘A prova cearense das teorias de Einstein’,
em Ciência Hoje nº 115). Graças ao prestígio conquistado, sua figura
ganhou as páginas dos jornais de todo o mundo e suas opiniões científicas,
filosóficas, éticas e políticas passaram a ter grande repercussão junto ao
público.
Uma das motivações
de Einstein para tais viagens era certamente sua curiosidade em conhecer
diferentes países e culturas. Além de buscar difundir suas teorias, ele tinha
também um objetivo político em algumas dessas visitas, como as realizadas à
França e à Inglaterra: tentar aproximar as comunidades científicas dos diversos
países, que haviam estado em conflito na Primeira Guerra Mundial, e mostrar que
a ciência, como a arte, podia contribuir para a superação dos nacionalismos.
Além disso, Einstein estava engajado na causa judaica, especialmente em seus
aspectos culturais.
A viagem à América
do Sul incorpora vários desses aspectos motivadores. Einstein fez conferências
científicas na Argentina, no Uruguai e no Brasil. Visitou instituições
científicas, participou de recepções organizadas pela comunidade judaica e pela
comunidade germânica, defendeu a paz e a conciliação mundial e falou sobre a
necessidade dos judeus de todo o mundo se unirem para apoiar o movimento de
criação da universidade hebraica em Jerusalém.
A idéia de convidar
Einstein para vir à América do Sul surgiu na Argentina, em 1922. Superados os
obstáculos e após vários contatos com Einstein, foi criado um pool de
instituições, formado pela Universidade de Buenos Aires, a Asociación
Hebraica e a Instituición Argentino-Germana, que organizou e financiou
a viagem. No Brasil, o rabino Isaiah Raffalovich, ao tomar conhecimento de que
Einstein viria à Argentina, fez contato com a direção da Universidade do Rio de
Janeiro, que aprovou a sugestão de se fazer um convite oficial para a vinda do
cientista à cidade.
Einstein deixou
Hamburgo no dia 5 de março, no navio Cap Polonio. Passou pelo Rio no dia
21 de março, onde foi recebido por uma comissão composta por cientistas,
jornalistas e membros da comunidade judaica. Nesse dia, visitou o Jardim
Botânico, almoçou no Copacabana Palace Hotel e fez o seguinte comentário, por
escrito, para um jornalista: “O problema que minha mente formulou foi
respondido pelo luminoso céu do Brasil.” Na volta para o navio, fez uma pequena
jornada a pé pelo centro da cidade.
Na Argentina, onde
chegou no dia 24 de março, Einstein permaneceu por um mês. Fez 12 conferências,
a maioria sobre a teoria da relatividade, e participou de muitas recepções,
inclusive uma organizada pelos estudantes da Faculdade de Engenharia da
Universidade de Buenos Aires. Visitou também La Plata e Córdoba. Discutiu com
alguns físicos e químicos argentinos aspectos atualizados da física na época
(sobre os quanta e sobre a relatividade geral). O jornal La Prensa
publicou um artigo especial de Einstein, intitulado Pan-Europa, onde o
cientista critica o nacionalismo e defende o renascimento da comunidade
européia e sua unificação, pelo menos nos aspectos culturais.
Em 24 de abril de
1925, Einstein deixou Buenos Aires e alcançou Montevidéu. Fez ali três
conferências na Faculdade de Engenharia e, como na Argentina, participou de
várias recepções e visitou o presidente da República. Permaneceu no Uruguai por
uma semana, de onde saiu no dia primeiro de maio, em direção ao Rio de Janeiro,
no navio Valdívia.
Einstein desembarcou
novamente no Rio ao anoitecer do dia 4 de maio. Ficou hospedado no Hotel
Glória, apartamento 400. Nos dias seguintes, percorreria vários pontos
turísticos do Rio de Janeiro, como o Pão de Açúcar, o Corcovado e a floresta da
Tijuca. O fascínio com a maravilhosa natureza tropical e o interesse nas
diferentes tradições culturais foram permanentes em Einstein durante sua
visita. As anotações de seu diário fazem referência constante à flora que
“supera os sonhos das mil e uma noites”, notam a “deliciosa mistura étnica nas
ruas” e comentam sobre a influência do clima quente e úmido no comportamento
humano. No dia 6 de maio, Einstein visitou o presidente da República, Artur
Bernardes, e alguns ministros de Estado.
Seu programa
turístico-científico incluiu visitas a diversas instituições: Museu Nacional (a
7 de maio), Instituto Oswaldo Cruz (atual Fundação Oswaldo Cruz, a 8 de maio) e
Observatório Nacional (a 9 de maio). Visitou também, no dia 11, o Hospital dos
Alienados. Através das ondas da Rádio Sociedade, criada em 1923, dirigiu, em
alemão, uma mensagem breve ao povo brasileiro, traduzida em seguida pelo
químico Mário Saraiva. Na mensagem, Einstein falou da importância dos meios de
comunicação radiofônica para a difusão da cultura e do conhecimento científico,
desde que utilizados por pessoas qualificadas.
Como aconteceu em
outros países, as conferências de Einstein no Rio tinham o objetivo de
disseminar as novas idéias para uma audiência acadêmica diversificada. A
primeira delas, versando sobre a teoria da relatividade especial, ocorreu no
Clube de Engenharia, no dia 6 de maio. O auditório estava completamente lotado
por professores, autoridades, jornalistas, alunos. Para muitos, mais importante
do que entender o que seria dito era ver e ouvir o cientista mais famoso do
mundo. Sobre essa conferência, Einstein escreveu em seu diário: “Às 4:00 PM,
primeira conferência no Clube de Engenharia em um auditório lotado, com barulho
da rua. As janelas estavam abertas. A acústica não permitia o entendimento.
Pouco científico.” A segunda conferência, agora sobre a teoria da relatividade
geral, deu-se na Escola Politécnica, no dia 8 de maio, e os organizadores
limitaram o número de pessoas para evitar os atropelos da primeira palestra.
Nessa época, não
havia no Brasil instituições destinadas à pesquisa nas áreas de física e
matemática. Poucos cientistas, em geral provenientes das escolas de engenharia,
interessavam-se pelas novas idéias na física, especialmente pela teoria da
relatividade. Entre eles destacavam-se Manoel Amoroso Costa e Roberto Marinho
de Azevedo, ambos professores da Escola Politécnica e membros da ABC, além de
Theodoro Ramos, Lélio Gama, Luís Freire e o jurista Pontes de Miranda.
Amoroso Costa
publicou muitos artigos em jornais e revistas, depois de 1919, explicando as
teorias de Einstein. Escreveu um excelente livro de introdução à teoria da
relativdade, publicado já em 1922, mas estava na França durante a visita de
Einstein. Houve também oponentes às novas idéias: a influência do positivismo
na cultura brasileira era intensa e de suas hostes vieram as críticas mais
vigorosas à relatividade. O principal opositor foi Licínio Cardoso, presidente
da sessão de ciências físicas e matemáticas da Academia e catedrático de
mecânica racional na Escola Politécnica.
Antes, durante e
depois da estada de Einstein, vários artigos foram publicados nos jornais sobre
a teoria da relatividade, alguns contrários a ela. Na ABC, o debate estendeu-se
por várias sessões. A disputa surgiu depois da apresentação de um artigo de Licínio
Cardoso, intitulado Relatividade Imaginária, publicado em O Jornal
no dia 16 de maio. Vários acadêmicos defenderam as idéias de Einstein e,
algumas semanas mais tarde, Roberto Marinho de Azevedo apresentou o artigo Resposta
a algumas objeções feitas entre nós contra a Teoria da Relatividade.
Einstein deixou o
Rio, com destino à Europa, no dia 12 de maio. Sua visita, amplamente noticiada
pela imprensa, influenciou e deu novo alento à pequena e emergente elite
acadêmica do Rio de Janeiro em sua luta pelo estabelecimento da pesquisa
‘pura’, como era designada a pesquisa básica, e para a difusão das idéias da
física moderna no Brasil. Quando deixou o Rio, o físico alemão enviou, do
navio, uma carta ao Comitê Nobel, sugerindo o nome do marechal Cândido Rondon
para o prêmio Nobel da paz. Embora não tivesse encontrado Rondon pessoalmente,
Einstein ficou muito impressionado com o que ouviu sobre suas atividades “na
integração das tribos indígenas ao homem civilizado, sem o uso de armas nem de
qualquer tipo de coerção.”
Foto: Museu Nacional de Astrononima no Rio de Janeiro.
A comunicação
à Academia
A recepção a
Einstein na Academia Brasileira de Ciências foi o compromisso científico mais
importante do cientista durante sua visita ao Rio de Janeiro. A instituição,
criada em 1916 com o nome de Sociedade Brasileira de Ciências, reunia
cientistas e professores com o objetivo de promover as atividades científicas
no Brasil. Em curto espaço de tempo, a Academia tornou-se local importante de
debates científicos e passou a publicar uma revista, que desempenhou papel
significativo na ciência brasileira.
A recepção reuniu
mais de cem membros de várias instituições. A sessão foi aberta por Juliano
Moreira, então presidente da ABC, que falou sobre a influência da relatividade
em várias áreas da ciência. Em seguida, entregou a Einstein o diploma de Membro
Correspondente da ABC. Francisco Lafayette, outro membro da Academia, fez uma
apresentação geral sobre os trabalhos científicos de Einstein, mencionando suas
primeiras pesquisas sobre o movimento browniano, o efeito fotoelétrico e as
teorias relativísticas. Em seguida, Mário Ramos estabeleceu o prêmio Albert
Einstein, que seria dado anualmente ao melhor trabalho apresentado à Academia.
Por fim, Einstein fez uma conferência curta sobre a situação da teoria da luz
naquele momento, expressando-se em francês.
Significativamente,
em vez de fazer um discurso, Einstein preferiu apresentar à Academia uma
questão científica candente naquele momento. Isso está registrado na ata da
sessão: “O professor Einstein, agradecendo às homenagens que lhe são prestadas,
ao invés de um discurso, diz ele, mostra o seu reconhecimento e o seu apreço à
Academia fazendo uma rápida comunicação sobre os resultados que, na Alemanha,
estão sendo obtidos nos estudos realizados sobre a natureza da luz, comparando a
teoria ondulatória e a dos quanta.” Não existem registros de perguntas
feitas a Einstein referentes ao conteúdo de sua apresentação. O interesse maior
despertado nas palestras de Einstein centrou-se na teoria da relatividade.
Em sua comunicação,
Einstein faz um paralelo entre a teoria corpuscular da luz e a teoria da
radiação proposta pouco antes, em 1924, por Niels Bohr, Hendrik Kramers e John
Clarke Slater (teoria BKS). A teoria BKS contrariava as idéias de Einstein ao
dispensar a idéia do quantum de luz (fóton), fazendo com que a
conservação da energia e a conservação do momento nos fenômenos atômicos
tivessem um caráter apenas estatístico.
Einstein havia
introduzido o conceito de fóton em 1905, ao estudar o fenômeno fotoelétrico.
Enquanto estava no Brasil, experiências eram finalizadas na Alemanha, por Hans
Geiger e Walther Bothe, que viriam refutar a suposição de Bohr e de seus
colegas e fazer com que o conceito proposto por Einstein fosse definitivamente
aceito. Essa comunicação à ABC preenche um vazio entre as publicações de
Einstein, entre novembro de 1924 e julho de 1925, e parece ser o único artigo
de sua autoria, publicado em uma revista científica, onde há uma comparação
direta, embora genérica, entre a idéia de fóton e a proposta da teoria BKS.
Os resultados
definitivos sobre os experimentos de Bothe e Geiger foram publicados apenas em
meados de 1925. Chegaram à conclusão de que os resultados de seus experimentos
eram incompatíveis com a interpretação de Bohr, Kramers e Slater e que “o
conceito de quanta de luz possuía mais realidade do que esta teoria
supunha.” Arthur Compton e Alfred Simon, pouco depois, e com experimentos
utilizando outras técnicas, foram levados a conclusões similares: “… [as
medidas] dão suporte à visão de que a energia e o momento são conservados
durante a interação entre a radiação e os elétrons individuais.”
Pouco depois, Bohr
aceitava a prova experimental da existência dos fótons, mas expressava a
opinião de que a questão das propriedades ondulatória e corpuscular da luz era
mais profunda. Einstein, embora tivesse recebido esses resultados experimentais
como uma confirmação de suas expectativas quanto às leis de conservação e a uma
estrita causalidade na descrição física da natureza, sabia também que o
problema do fóton estava ainda longe de uma solução. Mesmo em 1951, em uma
carta a seu amigo Besso, comentava: “Os 50 anos de meditação consciente não me
levaram mais próximo da resposta à questão: o que são os quanta de luz?
Naturalmente, hoje qualquer espertalhão pensa que sabe a resposta, mas ele está
enganando a si mesmo.”
Nessa primeira
etapa do debate Einstein-Bohr, da qual a comunicação à ABC faz parte, as idéias
de Einstein sobre a realidade dos quanta de luz predominaram, com a
confirmação experimental de Bothe e Geiger e de Compton e Simon. Contudo, novas
etapas, e mais acesas, surgiriam nos anos seguintes sobre a questão geral da
causalidade, do determinismo e do significado de uma descrição completa na
teoria quântica. Essa disputa viria a se tornar, com certeza, o mais importante
debate científico do século XX.
O manuscrito
original da comunicação foi entregue por Einstein a Getúlio das Neves, que
presidia a Comissão de Recepção a Einstein. Foi escrito no Rio de Janeiro: o
verso do documento mostra que o papel utilizado era do Hotel Glória, onde
Einstein ficou hospedado na cidade. A data, 7 de maio, é a mesma da conferência
feita na ABC. Possivelmente os membros da Academia instaram com Einstein para
que o manuscrito de sua apresentação fosse publicado na Revista da Academia,
que se pretendia criar. A versão para o português foi feita por Roberto Marinho
de Azevedo e tornou-se o primeiro artigo da Revista da Academia Brasileira
de Ciências: foi publicado no volume 1, número 1, nas páginas 1 a 3, em
1926.
Getúlio das Neves,
que ficou com o manuscrito, faleceu em 1928. Seu arquivo foi guardado por seu
neto Jorge Getúlio Veiga, que manteve o documento em sua posse até
recentemente. Poucas semanas após revelar a existência do documento e fornecer
aos pesquisadores da visita de Einstein uma reprodução, Jorge Getúlio faleceu —
este artigo é também um agradecimento e um tributo à sua memória. Ele, como
muitos outros familiares de cientistas e professores, contribuíram com
dedicação e cuidado para a preservação de importantes arquivos sobre a história
da ciência no Brasil, freqüentemente descurados pelo poder público.
Tradução do
manuscrito de Einstein
Observações sobre a
situação atual da teoria da luz
Até pouco tempo
atrás, acreditava-se que, com a teoria ondulatória da luz, na sua forma
eletromagnética, tivéssemos adquirido um conhecimento definitivo sobre a natureza
da radiação. No entanto, sabemos, há cerca de 25 anos, que essa teoria não
permite explicar as propriedades térmicas e energéticas da radiação, embora
descreva com precisão as propriedades geométricas de luz (refração, difração,
interferência etc.). Uma nova concepção teórica, a teoria do quantum luminoso,
semelhante à teoria da emissão de Newton, surgiu ao lado da teoria ondulatória
da luz e adquiriu uma posição firme na ciência pelo seu poder explicativo
(explicação da fórmula da radiação de Planck, dos fenômenos fotoquímicos,
teoria atômica de Bohr). Não se conseguiu, até hoje, uma síntese lógica da
teoria dos quanta e da teoria ondulatória, apesar de todos os esforços feitos
pelos físicos. É, por essa razão, muito discutida a questão da realidade dos
quanta de luz.
Há pouco tempo,
Bohr, juntamente com Cramers [N. T.: Einstein escreveu com ‘C’] e Slater,
tentou explicar teoricamente as propriedades energéticas da luz sem lançar mão
da hipótese de que a radiação é constituída de quanta análogos a corpúsculos.
Segundo a opinião desses pesquisadores, devemos continuar a imaginar a radiação
como constituída de ondas que se propagam em todas as direções. Essas ondas,
embora absorvidas pela matéria de modo contínuo, como quer a teoria
ondulatória, produzem, de acordo com as leis da estatística, efeitos que são
idênticos aos de átomos similares aos quanta. Tudo se passa como se a radiação
fosse constituída de quanta, de energia hn e de momento igual a hn/c. Com essa
concepção, esses autores abandonaram a validade exata dos teoremas da
conservação da energia e da quantidade de movimento, substituindo-os por uma
relação que possui apenas um valor estatístico.
Com a finalidade de
verificar experimentalmente esse modo de ver, os físicos berlinenses Geiger e
Bothe tentaram uma experiência interessante sobre a qual desejaria chamar a
atenção dos senhores. Alguns anos atrás, Compton tirou uma conseqüência de
grande importância da teoria dos quanta de luz. Quando ocorre a difusão dos
raios Roentgen duros pelos elétrons constitutivos do átomo, pode acontecer que
o impulso do quantum incidente seja suficientemente forte para separar o
elétron do átomo. A energia necessária para isso é retirada do quantum, durante
a colisão, e se manifesta, de acordo com os princípios da teoria dos quanta, na
diminuição da freqüência da radiação difundida, quando comparada com a
freqüência da radiação incidente constituída pelos raios Roentgen. Esse
fenômeno, verificado experimentalmente, tanto qualitativa como
quantitativamente, é conhecido sob a denominação de “efeito Compton”.
Para que se possa
compreender o “efeito Compton” pela teoria de Bohr, Cramers e Slater, é
necessário conceber a difusão da radiação como um processo contínuo em que
tomam parte todos os átomos da substância que difunde aquela radiação, enquanto
a emissão dos elétrons tem apenas o caráter de acontecimentos isolados que
obedecem a leis estatísticas. Pela teoria dos quanta de luz, também a difusão
da luz possui o caráter de acontecimentos isolados, devendo sempre existir, em
uma determinada direção, um elétron emitido toda vez que é produzido um efeito
secundário pela radiação que incide sobre a matéria. Por essa teoria, existe,
assim, uma correlação estatística entre a radiação difundida, no sentido de
Compton, e a emissão de elétrons, correlação esta que não deve existir na
concepção teórica dos autores citados acima.
Para verificar o
que se ocorre realmente, é necessário que se utilize um aparelho capaz de
constatar um único processo elementar de absorção, e de, respectivamente,
registrar a emissão de um único elétron. Esse dispositivo existe numa ponta
eletrizada, onde um único elétron por ela apreendido gera, pela formação
secundária de íons, uma descarga momentânea susceptível de ser medida. Com duas
dessas pontas convenientemente dispostas, Geiger e Bothe conseguem responder à
importante questão da existência da correlação estatística dos fenômenos
secundários mencionados acima.
Por ocasião de
minha partida da Europa, as experiências não estavam ainda concluídas. No
entanto, os resultados até agora obtidos parecem mostrar a existência daquela
correlação. Se essa correlação for verificada de fato, tem-se um novo argumento
de valor em favor da realidade dos quanta de luz.

Opinião:
Sem dúvida um dos
maiores cientistas que já tivemos. Ele trabalhou muito para resolver problemas
críticos durante a 2ª guerra mundial, porém a sua invenção foi usada de forma
errada , ou seja, não pacífica.
A sua maior
contribuição foi a teoria da relatividade.
Apesar disso tudo,
meu pai sempre fala que o maior cientista que tivemos, foi Isaac Newton. Mas de
qualquer forma Einstein foi genial.
Referência:
O texto foi
publicado na revista Ciência Hoje (vol. 21, no 124, setembro/outubro de 1996),
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
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